Descrição:
Local
com diferenças batimétricas consideráveis de -41m a -96m – monte submarino –
isolado, aproximadamente a 4 milhas náuticas da costa de Sines, sendo a ultima
estrutura da plataforma continental com profundidades uteis para o mergulho
recreativo/técnico na costa de Portugal Continental. Considerado à luz
internacional um deepreef – recife de
profundidade – com enorme interesse cientifico e turístico. Apesar de se
encontrar a baixa profundidade, o local em causa encontra-se bem preservada e
contém diversas espécies de fauna e flora com interesse em termos de
preservação ao mesmo tempo que pode servir de nursery para muitas outras.
Encontra-se
numa zona livre do arrasto, mas onde a pesca com redes de emalhar é bastante
intensiva.
Na
carta náutica do IH que cobre a área, esta zona está sondada à escala 1:25 000,
o que não permite ter uma boa definição dos limites da baixa, convindo, em
tempo oportuno, providenciar no sentido de se proceder a nova sondagem através
de sistemas modernos como o multifeixe.
Fauna:
Local de transição entre a fauna de grande profundidade para a pelágica e baixa
profundidade. Ocorrência de grandes exemplares de cnidários em extensas
comunidades de gorgóneas roxas e brancas. E exemplares de grande envergadura.
Os espongiários de diversas espécies completam o conjunto preenchendo a
restante superfície do substrato rochoso. Nas regiões exploradas do maciço
rochoso em 4 mergulhos realizados em 3 anos, foram referidos e filmados a
existência de grande biodiversidade de animais não fixos, Peixes, crustáceos,
equinodermes e cetáceos.
Flora:
Profundidade não representativa para a ocorrência de macroalgas.
Aparentemente,
o recurso com maior interesse parece ser a grande comunidade de gorgónias já
fotografadas que apresentam um tamanho pouco comum atingindo vários metros de
envergadura.
Existem
também diversas espécies de corais, nomeadamente coral negro e laranja, com
dimensões extraordinárias. As Poríferas, os Crustáceos, os Equinodermes, os
briozoários, os cnidários apresentam uma riqueza e diversidade fabulosa, tanto
em quantidade como em dimensão. Este Oasis de vida, fica coroado com os grandes
pelágicos cuja rota costeira é iniciada em espaços (baixas) similares. Sendo
este que apresenta uma diferença batimétrica mais acentuada. Este local também
é constantemente frequentado por famílias de Cetáceos e grandes bandos de aves
marinhas das mais diversas espécies existentes na costa portuguesa.
A
criação desta AMP teria, assim, como objetivo principal, a proteção da fauna e,
especialmente, da colónia de gorgónias ali existente e que se apresenta,
segundo peritos na matérias, como uma das maiores e mais bem preservadas do
planeta.
Não
seria de menosprezar, por outro lado, o potencial que poderia trazer em relação
à proteção de espécies que ali encontram refúgio.
Interesse na classificação:
Além
de se apresentar como a primeira AMP no continente, a classificação desta baixa
como AMP atrairá o interesse de especialistas e curiosos que devidamente
enquadrados poderão atrair turismo ambiental para o litoral alentejano.
Esta
AMP poderia ser a primeira de várias outras a classificar no litoral alentejano
pois acredita-se que dadas as características do fundo do mar entre a Arrábida
e os bancos do sudoeste (Gorringe, etc) possam existir outros locais ainda não
conhecidos com o mesmo interesse em termos de biodiversidade que devem ser preservados.
Seria a primeira a sul do Parque Natural Luís Saldanha, onde também existem
gorgónias, mas com quantidades e dimensões extraordinários, rivalizando com as
suas congéneres nos oceanos tropicais.
Dado
a sua localização de proximidade a um grande porto europeu, (4,5nm) onde a
questão da segurança fica salvaguardada, as suas características Geofisicas e
de biodiversidade potenciam este espaço para se tornar um local de laboratório
vivo, onde universidades e institutos científicos poderão conhecer mais sobre a
região marítima Portuguesa. A acrescentar ao potencial cientifico, de referir a
sua função ambiental de recuperação e repovoamento da região envolvente e de
“estrada” de acesso à costa pelas espécies migradoras dos oceanos. Esta reserva
pontual poderá tornar-se no precursor de criação de outras, em locais
existentes ao longo da costa do SW, contribuindo para o aumento da
biodiversidade regional da costa sul do continente, contribuindo para a
economia local no âmbito das pescas e no sector do turismo de qualidade, com a
exploração destes locais através do mergulho recreativo e técnico.
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